miércoles, 26 de octubre de 2011

Diego Ventura, Luis Rouxinol, António Ferrera, José Maria Cortes e Pinto Barreiros

ANÁLISE I :- Abono 2011Vivemos tempos em que a crise atinge algumas das mais emblemáticas praças da geografia taurina. Sentiu-se nas combinações e nas entradas de Sevilla, Las Ventas, Zaragoza, Salamanca, Badajoz...para referir alguns exemplos.





Em Lisboa, ainda que a entrada média tenha descendido numa pequena percentagem, a crise ficou à porta, não atingindo um abono no que em cada espectáculo, houve algum acontecimento de relevância. Saímos sempre a comentar alguma faena, algum ferro ou alguma actuação simplesmente redonda. A indiferença acompanhou a crise e não encontrou assento no Campo Pequeno, mesmo nos dias em que não se acabou o papel. Os ‘cabais' gesticularam e discutiram alguns triunfos que na realidade aconteceram, e os dados aí estão: 5 Portas Grandes, 3 Lotações Esgotadas, 1 toiro de volta à arena...


Gostos aparte, as actuações de Diego Ventura, Luis Rouxinol, António Ferrera, a extraordinária pega de José Maria Cortes e o jogo da corrida de Pinto Barreiros lidada em Junho, marcaram a temporada lisboeta. Disse-me, há poucos dias, num conhecido bar de Marqués de Paradas, um matador de toiros de segundo plano, que ficou impressionado com a repercussão que tiveram os triunfos obtidos pelos seus companheiros no Campo Pequeno, e a verdade é que tudo o que se passou na praça de Lisboa, teve uma visibilidade tremenda, mesmo nos meses de maior actividade taurina.


Diego Ventura regressou a Lisboa com uma floja e mansa corrida de Murteira, que acabou por decepcionar os que esperavam ver o rejoneador de La Puebla com o toiro bravo e encastado. Encheu a praça e luziu-se com um primeiro inimigo que cedo se acabou. Com o quinto, mansito e que desejava tábuas, ofereceu uma dimensão fora do normal, montando o Distinto, que aguentou a tarda e reservada investida. Com o Nazari deixou também um grande ferro que o público aplaudiu de pé, a um toiro ao que deu importância.


Regressou a Lisboa com a corrida de Maria Guiomar, no final do mês de Junho, voltando a encher a praça. Com o primeiro, excelente colaborador, muito murubeño, assinou a sua mais completa actuação em Lisboa. Recebeu-o com o Meletilla cravando um excelente primeiro ferro comprido e com o Nazari e Distinto voltou a dar uma lição de toureio. Com o' soso' quinto, voltou a estar a grande altura, numa lide que chegou facilmente às bancadas, depois da que deu duas voltas à arena, com petição da terceira. A Porta Grande foi merecidíssima.


Luis Rouxinol pisou a arena da capital em três ocasiões. A primeira para lidar um toiro de Rego Botelho com o que esteve apenas correcto. Nos primeiros dias de Julho ocupou o lugar do lesionado Andy Cartagena na corrida de Luis Rocha e assinou uma das mais sérias lides da temporada. Esteve pletórico diante do sério quarto, que se moveu e que o cavaleiro foi ‘fazendo' pouco a pouco. Montando a égua ‘Viajante', deu vantagens numa actuação vibrante, que terminou em apoteose com as bandarilhas de palmo e um grande par. Deu três voltas à arena. Já com o primeiro deixara bom sabor de boca, tapando alguns defeitos que o forte toiro apresentava.


Voltou durante o mês de Agosto para lidar um toiro de David Ribeiro Telles, alto e manso, ao que se impôs numa lide de entrega total na que demonstrou recursos e capacidade para tirar partido de animais com as mínimas condições de toureabilidade.


António Ferrera foi o triunfador absoluto no que a matadores de toiros se refere. Com o primeiro exemplar de Rego Botelho, feio mas de bom jogo, deu um recital de bom toureio, na mais intensa faena que teve lugar na renovada praça de Lisboa. Foi protagonista de uma actuação completa que iniciou com verónicas de mão baixa ganhando terreno; completou um excelente tércio de bandarilhas e muleta em mão, deixou passes excelentes, destacando-se os naturais nos que deitou a muleta ao ‘hocico'. O toiro, ainda que muito colaborador, enganou bastantes assistentes, incluindo o Director de Corrida, que mandou fechar as portas dos curros para dar uma irrisória volta à arena, a um animal que acabou completamente rajado. O sexto tinha a sua ‘guasa' pelo esquerdo e fechou a Porta Grande ao extremeño.


Na seguinte comparência, no mês de Agosto, logrou abrir a tão desejada Porta, tornando-se no primeiro matador a percorrer a arena do Campo Pequeno em quatro ocasiões. Disposto, com as ideias claras e com essa entrega que o caracteriza, deixou constância do momento de madurez artística e técnica que atravessa. As suas faena tiveram como principal qualidade o temple, levando os toiros com ritmo, tentando alargar as investidas.


José Maria Cortes foi o autor da melhor pega da temporada a um complicadíssimo e duro exemplar de António José Teixeira. Esteve simplesmente perfeito com o manso e reservado animal que nunca se empregou no cavalo. Colocou-o entre os sectores 1 e 7 a um par de metros das tábuas. Quando lhe pisou os terrenos, o toiro arrancou-se, detendo-se a meio da viagem. O forcado aguentou historicamente a arrancada, fechando-se com galhardia, não cedendo aos fortes derrotes do animal, que fugiu ao grupo. Na última corrida do abono, também João Cabral esteve perfeito com o quinto de Pinto Barreiros.


A Ganadaria de Pinto Barreiros, que este ano luziu divisa negra, lidou uma interessantíssima corrida no mês de Junho. De excelente presença, com alguns exemplares modélicos, dentro das ‘hechuras' e seriedade que caracteriza a vacada, deu um jogo bravo e encastado. Destacaram-se, de um notável lote, os lidados em 2º, 4º e 6º lugares pela sua nobreza, recorrido, classe e duração. Repetiu na corrida de encerramento do abono, destacando-se o excelente primeiro e o encastado sexto.





Fuente: Pedro Marques/burladero.com

No hay comentarios: